Crise de Identidade

Que gibizinho barra pesaaaaada…

Recentemente resolvi reler as duas últimas mini-séries da Liga da Justiça Internacional (vulgo “Liga Cômica” ou ainda “Liguinha”), o “Já Fomos a Liga da Justiça” e”Não Acredito que Não é a Liga da Justiça”, as quais já resenhei em vídeo , o qual você pode conferir em toda a magnitude de sua baixa resolução clicando AQUI. Meu Deus, eu tô parecendo um mendigo nesse vídeo…ou seja, estou normal.

Numa crise de abstinência violenta por mais Liguinha, tudo graças a Panini que aumentou os preços da Lendas do Universo DC: Liga da Justiça a preços absurdos sem explicação lógica, resolvi fazer algo “diferente” e ler alguma coisa mais “recente” (pós anos 2000 mas antes de 2010) pra ver como alguns desses membros andava em campos mais “sérios” (coloquei “sério” entre aspas porque muita coisa de lá pra cá não dá pra levar muito a sério…). Antes dei uma verificada por alto no destino de alguns personagens dessa formação que tantas gargalhadas proporcionou a toda uma legião de fãs e fiquei um tanto surpreso com o quanto a DC ficou sádica com eles, matando alguns de maneiras pra lá de violentas, transformando outros em vilões pra lá de violentos e por aí vaí.

Foi aí que eu lembrei de Crise de Identidade! Lembrava que a história começava com a morte de alguém que era importante pra algum personagem da DC e que tinha ligação com a Liguinha. Quando Crise de Identidade foi lançadaem 2004 nos EUA e em 2005 aqui no Brasil pela Panini, eu não conhecia a Liga cômica ainda então eu sabia que um personagem que esticava perdia alguém. Eu sempre achei que só existia o Homem-Borracha na DC, pra mim ele e o Homem-Elástico eram a mesma pessoa. E se você escrever seus nomes no Google vai descobrir que não estou sozinho nessa!

Mas depois de virar fã da liguinha eu obviamente sabia quem era quem. E foi aí que me dei conta que quem morria era a Sue Dibny, a esposa de Ralph Dibny, o Homem-Elástico, o casal que em “Não Acredito que Não é a Liga da Justiça”, ultimo arco da liguinha, protagonizava alguns dos momentos mais cômicos da trama com a Sue querendo meter a porrada em um ex-vilão que abriu um bar do lado da sede dos “Superamiguinhos” e o Ralph jurando que sua esposa estava de mau humor por estar grávida e dando nomes a suposta filha do casal que estava pra nascer, todos derivados do seu, como “Ralphina”. Então fui ler Crise de Identidade pra ver como esse acontecimento trágico se desenrolaria na vida dos heróis. E pra que eu fiz isso…?

Antes de começar a resenha da minissérie em si, vou dar uma pequena sinopse e dividir o post em tópicos.

SINOPSE (que já é um tópico):

Sue Dibny está morta! Alguém invadiu sua casa, armada com os mais sofisticados sistemas de segurança disponíveis em nosso e em outros mundos, e a matou com requintes de crueldade. Porém, nenhum desses sistemas de segurança detectou um invasor ou qualquer coisa fora do comum. Obviamente o acontecimento mexe com toda a comunidade heroíca, sendo que Sue era muito querida e foi uma das poucas “civis” a integrar a Liga da Justiça.

No entanto, sua morte acaba por revelar um capítulo obscuro não apenas em sua vida mas na vida de sete membros da Liga. Arqueiro Verde, Zatanna, Flash (Barry Allen), Laterna Verde (Hal Jordan), Gavião Negro, Elektron e Canário Negro. Uma drástica decisão tomada pelo grupo no passado irá reverberá no presente e a coisa se agrava ainda mais quando a morte de Sue Dibny se revela como a primeira parte de um plano que parece visar parentes e pessoas próximas aos heróis e quem o está levando a cabo parece conhecer a identidade secreta de cada membro da Liga.

Agora a equipe vai ter que lidar com as consequências de suas escolhas e ações do passado e tentar proteger as pessoas que lhes são queridas em uma trama onde ninguém está seguro.

Sim, eu não vou entrar muito em detalhes apesar de muito dos plot twists já terem sido jogados aos quatro ventos internet afora e até em publicações posteriores da DC nas quais a saga reverberou, mas eu não gosto muito desse papo de “ain, mas é um negócio lançado trocentos anos atrás, isso nem é spoiler mais” já que ninguém é obrigado a ter lido a bíblia e saber que Eliseu poderia invocar duas ursas pra matar quem zombasse de sua calvície (ah, não sabia? SPOILER! E é sério, tem isso na bíblia MESMO!).

PRIMEIRO IMPACTO

Olha, eu sou um cara chorão! Choro com cena triste em filme, série e desenho, choro com algumas cenas felizes também…meus olhos são uma cachoeira da breguice! Porém dá pra contar nos dedos as HQs que fizeram meus olhos sertanejos marejarem. De cabeça posso citar Maus do Art Spigelman e WE3 do Grant Morrison com o Frank Quitely. Mas não lembro de ter realmente chorado com gibzinho de super-herói. Lembro que fiquei com um nózinho na garganta quando li o funeral de Karen Page em Diabo da Guarda na Marvel 2000 Nº06 da Abril e o mesmo ocorreu em Homem-Aranha Azul. Mas Crise de Identidade me deu um baque!

Acontece que eu estava acostumado a ver Sue Ralph Dibny sempre em situações bem humoradas. Sue sempre esquentadinha e Ralph sempre fazendo palhaçadas. Voltar a ler “Já Fomos a Liga da Justiça” e “Não Acredito que Não é a Liga da Justiça” foi como reencontrar velhos amigos que te fazem rir e, por consequência, te fazem bem. E, de certo modo, a Sue recebe certo destaque no último arco e fica mais do que claro que apesar do temperamento tão diferente de Sue e Ralph, eles se amam de verdade. E a coisa toma uma proporção ainda maior quando Crise de Identidade resolve abrir com Ralph contando pra sua colega de equipe, a Águia Flamejante, como ele e Sue se conheceram, como Sue o escolheu mesmo em meio a tantos super-heróis mais bonitões e que facilmente chamariam mais a atenção de uma mulher e em como ela se esforçava pra fazer surpresas de aniversário pra ele todo ano, mesmo que ele, como bom detetive que é, já descobrisse tudo muito antecipadamente.

Mas a coisa fica ainda MAIOR quando descobrimos que a surpresa desse ano para Ralph realmente era uma surpresa que ele não viu chegar pois finalmente a “Ralphina” poderia se tornar real. Sim, Sue estava grávida e a revelação seria o presente para Ralph. Mas eis que um impiedoso assassino aparece e tira tudo que Ralph tinha de mais importante em sua vida. E aí vem a cena do funeral…

Até a cena em que Ralph encontra o corpo semi-queimado de Sue e a abraça com seus braços elásticos enquanto seu rosto mal mantém a coesão sob o desesperado choro eu tava “Ah, velho…que chato! Mataram a Sue! Aí não! Maldade…”. Mas quando começa o funeral perto do fim da primeira edição…aí minhas pernas foram quebradas, torcidas e quebradas mais um pouquinho até virar farelo.

Há uma splash page onde vemos um grande plano aberto com todos que estão na igreja para o funeral. Algumas pessoas estão enxugando lágrimas, outras apena de cabeça baixa, mas no canto direito da página vemos Ralph Dibny mal conseguindo ficar de pé. A cena me pegou de jeito, praticamente dava pra tocar a dor do sujeito. Meus olhos marejaram e seguiram assim pelas páginas seguintes, como quando Diana vai fazer um discurso e Oliver Queen, que é quem narra a cena, diz que se ouve um falsete em sua voz, mas a princesa amazona consegue se conter e não derrama uma lágrima sequer. Mas aí vem o discurso de Ralph…e ele simplesmente não consegue. A cena lembra muito o momento em que Matt Murdock vai fazer o discurso no velório de Karen Page mas não consegue e diz ao leitor “Não há palavras” (imagem lá em cima). O diferencial aqui é que os poderes de Ralph evidenciam como ele se sente, Ele não apenas não consegue falar como não consegue se manter fisicamente firme. Ele literalmente se desfaz aos poucos, pois seu ponto de sustentação se foi.

Também fiquei triste porque…e isso pode soar meio estúpido pra muita gente…senti como se fosse uma velha amiga que partisse. Como eu disse, eu estava lendo a Liga cômica e Sue estava sempre ali, sendo o elemento mais humano de toda a equipe! Não era incomum ela tirar uma das membros femininas do time de sua rotina super-heroica pra simplesmente dar um passeio. Ela não voava, não soltava lasers pelos olhos, não tinha superforça, não se vestia como um mamífero voador trevoso…mas estava ali pra ajudar no que podia. Era uma personagem que conseguia seu carinho fácil. Eu realmente não esperava que sua morte fosse me pegar tanto. Pensando agora, olha como são as coisas…a morte e o funeral do Superman em BvS não teve metade do impacto que a morte de Sue Dibny teve e tem até hoje.

Sue resolve enfrentar ela mesma o ex-supervilão que estava abrindo um bar ao lado do quartel general dos “Superamigunhos” depois e ser ignorada por todo mundo em “Não Acredito que Não é a Liga da Justiça”.

O Roteiro

Brad Meltzer poderia parar por aí com os momentos chocantes, mas não é o que acontece. O sujeito vai compondo seu roteiro num tenso crescendo que vai te prender na história do inicio ao fim. Quando uma HQ tem mais de 200 páginas, não é incomum eu largar um pouco pra fazer outra coisa. Não consegui largar Crise de Identidade em momento algum.

As questões morais que a história traz mostram que apesar de serem vistos praticamente como lendas vivas, todos os membros da Liga ainda são humanos, falhos e as vezes deixam sentimentos como a vingança e a ira sobrepor a nobreza heroica. Inclusive até os mais nobres entre eles podem fazer ouvidos moucos a esses momentos e simplesmente olhar pro outro lado.

Outra coisa que a história mostra muito bem é que nem o Homem de Aço está livre de um elemento primal da psique humana: o medo! Com a ameaça a entes queridos de toda a Liga se mostrado real, até o Superman passa a temer não se rápido o bastante pra proteger os seus. Esse medo se torna terrivelmente real em uma cena envolvendo o pai de Tim Drake. Mesmo sabendo o desfecho, graças a um porrilhão de revistas e sites noticiando na época do lançamento original, acompanhar a cena foi uma experiência tensa ao extremo. Destaque pra o momento em que o Batman se vê completamente despreparado para o que viria. Sim, o Batman SEM PREPARO!

O desfecho da trama com a revelação do assassino me causou uma certa decepção inicialmente, sobretudo porque em uma cena no meio da história eu meio que levantei uma possibilidade mas preferi descartar porque achei que seria muito sem nexo. Eis que no final eu estava certo e fiquei com uma sensação de “Era isso mesmo? Sério?”. Mas aí eu fui digerindo, digerindo, digerindo… e acabei dando crédito a ideia de Brad Meltzer. Vou falar mais adiante num pedaço com spoilers, mas basta dizer que, de fato, a ameaça não era algo que a Liga pudesse sequer conceber e isso é um ponto muito positivo. Isso e o fato dessa Crise não ter nada de multiverso ou ser uma saga megalomaníaca como as demais Crises.

OS DESENHOS

Quando eu via os desenhos de Rags Morales em revistas e sites falando sobre a saga, eu sempre achava esquisitinho. Não eram ruins, mas não eram bonitos como eu achava os do Ivan Reis, por exemplo. Parecia uma cruza de Mark Bagley e Paul Pelletier com alguns momentos em que a anatomia no rosto de alguns personagens dava uma derrapada.

Tem um peixe e um gato nessa cena que você não está vendo. Mas o Sr. Incrível está vendo os dois. Ao mesmo tempo…

Após ler a história essa opinião mudou quase completamente! Rags Morales sabe como contar uma história e como carregar as cenas com impacto. As expressões faciais de seus personagens são carregadas de emoção, não a toa eu não conseguia olhar pro Ralph Dibny sofrendo sem sofrer junto!

Morales faz uso de uma técnica de hachura que eu achei interessantíssimo e eu adoraria ver em preto e branco já que acho que as cores meio que desviam a atenção pra esses detalhes.

No entanto, sim, ele ainda dá uma derrapada nos rostos de alguns personagens. São olhos tortos, um mais baixo que o outro , um redondo e outro meio quadrado (imagem acima) e em uma cena ele desenha um Batman com uma cabeça meio esquisita.

Pode ser só coisa minha, mas eu acho esse Batman esquisitaço.

No extras do encadernado da Panini ele revela que desenhou todos os personagens baseados em pessoas famosas, mas eu não captei nenhum likeness ( é como se chama quando você precisa desenhar alguém famoso em uma adaptação de um filme pra uma HQ, por exemplo e precisa pegar os traços do ator ou atriz . Tio Daniel HDR que me ensinou!) entre seus personagens e as tais pessoas famosas. Mas isso prejudica ZERO o produto final. E até o PIOR desenho do Morales é MIL VEZES MELHOR que o MELHOR desenho de um certo Liefeld aí…

SEGUNDO IMPACTO

(CONTÉM SPOILERS)

Como eu disse, a revelação do assassino meio que me decepcionou inicialmente, mas depois de digerir bem a história eu percebi que foi uma boa escolha. Não é perfeita, mas faz sentido!

Acontece que o primeiro suspeito imediato para os sete membros com o tal segredo do passado é o Dr. Luz. Enquanto os demais membros da Liga da Justiça vão em busca de teleportadores, o que explicaria passar pelo sistema de segurança do prédio sem acioná-lo, e os que tinham poderes baseado em fogo, o que explicaria o corpo queimado, os sete vão em busca do Dr. Luz porque no passado ele já havia atacado Sue Dibny. E da pior maneira possível! Acontece que certo dia Sue estava entediada em casa e resolve visita o satélite da Liga, onde tinha passe livre, pra curtir um pouco a vista das estrelas no espaço. O Dr. Luz aparece no satélite, possivelmente tentando pegar sua arma que estava em poder da Liga de volta (essa parte eu acho meio mal contada, porque não faz sentido o maluco invadir um quartel general que poderia estar coalhado de heróis), encontra Sue sozinha… e a estupra!

Nesse momento os mebros da Liga são teleportados pro satélite após uma missão e o primeiro a ver o que estava acontecendo é Barry Allen, que corre e tira os Dr. Luz de cima da Sue. Os demais membros chegam e não entendem bem o que está havendo de imediato, tentam conter o Dr. Luz que está descontrolado e quando percebem, o Dr. Luz começa a dizer que vai fazer o mesmo com as esposas de todos ali além de dizer que vai atrás de Sue Dibny de novo. Quando ele é contido, Ralph leva Sue pro hospital e alguns membros precisam ir resolver outros problemas individuais. Arqueiro Verde, Flash, Lanterna Verde, Canário Negro, Gavião Negro, Zatanna e Elektro ficam e o Arqueiro pede pra que Zatanna modifique a mente do Dr. Luz pra que não apenas ele esqueça aquele dia como se torne um vilão menos perigoso e violento. Isso divide as opiniões entre os sete mas acaba sendo feito.

A suspeita sobre o Dr. Luz surge justamente por ele dizer que acharia Sue novamente. E se ele tivesse lembrando? A segunda pessoa que sofre um atentado é Jean Loring, ex-esposa de Ray Palmer, o Elektro, fortalecendo a suspeita sobre o Dr. Luz. Jean é salva de ser enforcada no ultimo segundo pelo seu ex-marido e isso faz uma chama renascer entre os dois. Lois Lane recebe um bilhete de alguém que deixa claro saber a identidade de seu marido, mas não é atacada. A terceira vítima é o pai de Tim Drake, Jack Drake, que recebe uma arma em uma caixa com um bilhete escrito “se defenda”. Só que Jack não tem a mesma sorte que Jean e acaba morrendo mas não antes de matar seu assassino, o Capitão Bumerangue. Mistério resolvido, era o Capitão Bumerangue o tempo todo, certo? ERRADO!

Aí que vem a surpresa! Acontece que após o funeral, o que foi enterrado no túmulo de Sue Dibny foi um caixão vazio. O corpo ficou com o Dr. Meia-Noite e com o Senhor Incrível para que fizessem uma autopsia detalhada. Após descobrir que Sue já estava morta quando teve o corpo parcialmente queimado, a dupla fica quase dois dias num beco sem saída. Até que o Dr. Meia-Noite percebe duas marcas minusculas no cérebro de Sue. Eram pegadas, e só uma pessoa poderia ficar tão pequena a ponto de fazer isso: Elektro! Pronto, mistério resolvido! Só era preciso descobrir porque ele faria algo assim, certo? ERRADO!

Acontece que a pessoa que matou Sue Dibny e foi mandante do assassinato de Jack Drake era ninguém mais ninguém menos que…Jean Loring! Sim, a ex-esposa do Elektro! Acontece que a mulher pirou e querendo reconquistar o marido, achou que seria uma boa ideia dar “um susto” em Sue usando um dos velhos uniformes do marido que encontrou no porão, uniforme este que a permitia ficar minuscula. A ideia era a seguinte: Ligar pra Sue, viajar pelas ondas telefônicas e entrar na cabeça dela pelo ouvido, crescer só o suficiente para desmaia-la e depois que ela estivesse recuperada, deixar todos os demais heróis em alerta pra possíveis ataques as pessoas que eles amavam. Como consequência, isso faria Ray voltar para protegê-la. E o plano até que dá meio certo! Digo “meio” porque ela cresce mais do que deveria na cabeça de Sue, causa uma pausa no fluxo sanguíneo do cérebro a matando. Desesperada e com medo de acharem provas de que ela estava ali, ela resolve por fogo no corpo e no apartamento. Mas como a mulher já não tava batendo bem da bola, simula uma tentativa de assassinato contra ela mesmo (e foi nessa cena que eu suspeitei dela, já que o cenário tava com mais cara de suicídio que de homicídio), manda uma carta de ameaça pra Lois, contrata o Capitão Bumerangue pra tentar matar Jack Drake achando que por ser um bosta ele falharia, sobretudo porque enviou uma arma pra Jack revidar e, no final, consegue mesmo ficar com seu ex-marido que se dá conta que foi ela quando ela pergunta pelo bilhete que o “assassino” enviou a Jack, sendo que a mídia não havia divulgado tal bilhete já que o Batman o havia levado pra análise. A história acaba com Jean presa no Arkham e Ray Palmer diminuindo até desaparecer.

Eu tinha achando a revelação de uma mulher comum ser a mente por trás de tudo o ponto fraco de tudo. Eu esperava um super-vilão com uma mente genial e malévola. Mas aí eu parei e pensei: NINGUÉM viu essa chegando! Até eu, que desconfiei dela, descartei a possibilidade por esperar algo maior! E esse era o ponto! Toda a Liga da Justiça esperava algo maior a ponto de ignorar completamente uma pessoa comum com uma mente perturbada e fazendo tudo de uma maneira tão desleixada que todo mundo confundiu com genialidade criminosa! Todo mundo tava com a cabeça tão inclinada olhando pra cima esperando a grande ameaça se revelar que Jean conseguiu passar engatinhando por baixo sem que ninguém notasse! Como eu disse, essa Crise tem a vantagem de não ser algo grandioso em escala cósmica e ainda serve pra lembrar que as vezes o perigo está ali na esquina, onde menos se espera.

FIM DOS SPOILERS

Crise de Identidade é uma história que se não é perfeita, é muito bem contada e bastante impactante. Aliás, suas últimas páginas são de cortar o coração,pois após um conselho de Oliver Queen pra que continuasse falando com Sue, pois onde que quer que estivesse ela estaria ouvindo, temos uma cena de Ralph conversando com sua falecia esposa como mesmo bom humor de quando ela estava mesmo ali. A história fecha com Ralph deitando ao lado de um espaço vazio na cama, se despedindo de Sue e apagando o abajur do lado em que ela dormia. O ultimo balão diz “Eu te amo” e não aponta pra direção onde Ralph está justamente pra deixar essa ambiguidade no ar,como se a gente ouvisse o que Ralph sempre ouvia quando ela estava lá. Como se ela ainda estivesse lá, de fato.

. Não a toa,Crise de Identidade reverberou pela DC até a chegada dos Novos 52 e desde então, até onde sei, a DC não emplacou uma história tão impactante assim novamente. Se tiver a oportunidade, LEIA! Vale muito a pena! E, Deus, como seu fiquei feliz em ler uma Crise da DC que não se espalhou por 900 edições…

Nota: 8,5