BATMAN: O LONGO DIA DAS BRUXAS (PARTE 1)

Há um novo vilão em Gotham…e TODO MUNDO sabe quem é, menos eu que não li a HQ.

Obviamente não iria demorar até que a galinha dos ovos de ouro da DC ganhasse seu longa metragem no novo universo animado da editora. E como Batman vende mais que camisa da seleção em aglomeração bolsonarista, o morcegão já chega com um longa metragem em duas partes adaptando uma de suas mais famosas histórias, Batman: O Longo Dia das Bruxas de Jeph Loeb e Tim Sale.

Apesar da fama e de sempre ser usada como referência para outras produções, sendo as mais notórias a trilogia do Nolan e o vindouro filme dirigido por Matt Reeves, eu nunca li a HQ, então vocês vão ler o ponto de vista de um expectador unicamente do filme, sem comparativos com a obra original nem nada do tipo. Antes de mais nada, uma breve sinopse.

Batman vem agindo na cidade de Gotham há pouco tempo mas já tem uma aliança sólida com o recém promovido a capitão da policia, James Gordon, e com o promotor Harvey Dent. Porém o assassinato do sobrinho de Carmine Falcone, o maior mafioso de Gotham, apresenta um novo desafio para o trio. Há um novo vilão em Gotham e parece atacar apenas em feriados. Agora Batman vai descobrir que não basta apenas usar um uniforme de morcego afim de assustar os malfeitores. Ele precisará se tornar um detetive para elucidar esse mistérios antes que mais vidas, mesmo criminosas, se percam.

Pra facilitar a orgnização das ideias (já que ando meio de cabeça cheia) vou analisar o filme por tópicos.

A TRAMA

O filme tem um ritmo lento, porém nunca chato. Ao contrário de Superman: O Homem do Amanhã, longa animado que abriu essa nova fase, cujo maior defeito era o roteiro repetitivo e, por isso, previsível e carente de novos e instigantes elementos, aqui temos mais uma história do Batman porém com um elemento que achei interessante: Ele ainda não é o grande detetive pelo qual ficaria conhecido anos depois! E isso rende questionamentos por parte de terceiros e por parte do próprio Batman. Em um dado momento ele diz ao Alfred algo como “Eu achei que bastaria me vestir de forma assustadora e baixar o sarrafo na bandidagem. Nunca pensei que ia ter que investigar porra nenhuma” (claro que de maneira BEEEEM mais polida) e em outro o Coringa ri dessa inabilidade investigativa dele. Gostei demais disso, pois foi a primeira vez que me recordo de ver o personagem passar por algo assim, uma insegurança advinda de algo que ele não sabe fazer. Quer dizer…em Ano Um ele tinha inseguranças quanto a ser um vigilante, mas quero dizer no referente a ser algo a mais que um doido varrido vestido de morcego distribuindo canga leitão e bicuda na malandragem.

“Carai, Alfred…eu pensei que era só botá uma rôpa de morcego e sair metendo a porrada em quem tivesse na rua di noite. Agora eu vô precisá descobri quemé bandido ou não antes de bater? Nãn…paia demais!”

Aliado a isso temos Harvey Dent, um sujeito que poderia muito bem ser o Batman. Mas o fato de não usar uma máscara faz com que suas ações em nome da justiça tenham consequências mais diretas e isso vai colocando o personagem em uma lenta espiral descendente que todos nós já sabemos como vai acabar. Mas graças ao ritmo mais calmo do filme, esse espiral descendente fica ainda mais angustiante.

O filma ainda mostra Gordon tendo que lídar com os problemas da policia que nunca tem fim na cidade de Gotham e que acabam interferindo de forma constante em seus relacionamentos familiares. E por falar em família, temos a revelação de que Carmine Falcone era um antigo amigo e sócio de Thomas Wayne e preza Bruce mais que ao próprio filho e esse foi outro elemento bacana que muito me agradou, essa relação entre a família Falcone e Wayne que corrói Bruce por dentro por não acreditar que seu pai se aliaria a um criminoso.

Os assassinatos são brutais, inclusive a tela de título aparece no primeiro deles dando um ar todo Seven pra coisa toda. Obviamente temos a participação de outros vilões da galeria do Morcego mas, como sempre, o Coringa aparece pra roubar a cena. E ele está ÓTIMO! Troy Baker dá voz ao personagem nessa versão mas eu podia jurar que era o Mark Hamil. Ah, e a voz do Batman é feita pelo Jensen Ackles. O sujeito brincou que era o Batman em um episódio das 240 temporadas de Supernatural, e olha só onde foi parar. E o pior…é que ele é um ÓTIMO Batman! Ele sabe mudar o tom sutilmente entre Bruce Wayne e Batman, o que deixa a coisa da identidade secreta um tanto mais crível.

VISUAL E ANIMAÇÂO

Como já ficou bem claro, esse é o novo traço padrão das animações DC dentro de seu universo central. Obviamente que haverão longas animados fora dessa linha temporal e eles terão visuais diferente, mas os filmes que farão parte da cronologia central serão todos assim. Esse traço agradou alguns e desagradou outros. Eu estou no time que adorou esse novo visual. E apesar de fica curiosíssimo pra ver como o traço do Tim Sale ficaria em uma animação (e creio que Peter Chung seria o nome certo pra essa transição), devo dizer que o novo traço padrão do universo animado DC casou muito bem com a trama. Esse novo traço lembra uma versão mais estilizada do David Mazzucchelli. Por falar nisso, se você pegar o longa animado Batman: Ano Um e depois assistir O Longo Dia das Bruxas na sequencia, eles vão casar quase que perfeitamente, já que a HQ também se passa poucos anos depois de Ano Um. Obviamente não é uma sequencia direta, já que Ano Um termina com o Batman tomando conhecimento da existência do Coringa e em O Longo Dias das Bruxas grande parte da galeria de vilões do Batman já foi presa, então a sequencia seria Batman: O Homem que Ri. Mas, ainda assim, é bacana ver Ano Um e O Longo Dia das Bruxas em seguida. Os visuais se parecem, inclusive, sendo que a versão animada de Ano Um tem um traço mais leve e menos estilizado.

A animação não tem grandes cenas maravilhosamente animadas. Superman: O Homem do Amanhã continua sendo o longa com algumas das cenas mais bem animadas até agora, sobretudo nas cenas de batalha. Mas nenhuma cena em O Longo Dia das Bruxas ficou ruim! A animação é competente e isso era algo em que a DC vinha patinando muito em seu universo animado anterior.

Ah, cabe ressaltar um detalhe bacana que muita gente pode pegar de cara. Todo o visual de cenários e veículos são referências diretas a Batman: The Animated Series. Todod os carros são de época apesar da história nunca deixar claro em que ano se passa mas o supercomputador na Batcaverna deixa meio que claro que é uma história atul, e todos os cenários tem a art deco como base e sua colorização é toda texturizada, tal qual na série animada de 1992. Achei isso o máximo!

SALDO FINAL

Batman: O Longo Dia das Bruxas (Parte 1) introduz muito bem o morcegão nesse novo universo. E ver a DC voltando a adaptar boas obras das HQs e deixar o tenebroso Novos 52 de lado é um balsamo pros olhos e pra alma. Ah, e nunca pensei que iria ficar feliz em ver o Batman de cuequinha por cima do piaja novamente! O filme é divertido e te instiga a ver a parte 2, que agora aguardo ansioso. Bom começo, morcegão. Bom começo.

Nota: 8,0