Agredindo os Zóio: Youngblood N º00 (sim, o do Liefeld)

Eu não tenho amor próprio…

Bem, jovos e jovas, recentemente assisti ao documentário The Image Revolution, que conta a ascenção e quase queda da Image Comics, e essa “quase queda” se deu muito graças a mania de grandeza que consumiu o menino Liefeld, um moleque de 20 poucos anos, convencido de que tudo que fizesse, não importava a qualidade, iria vender horrores e que, com o passar dos anos…não mudou muito! Sério, foi a primeira vez que vi o Liefeld falando de coisas pessoais e o sujeito é ainda mais tabacudo do que eu imaginei que fosse! Pra quem não é familiar ao conceito de “tabacudo”, no nordeste essa é uma palavra que serve pra designar alguém abobalhado, ou “mongolão” como é mais comumente conhecido pelo resto do Brasil.

Porém, também me dei conta que apesar de viver esculhambando o Kurumada americano, eu li pouquíssima coisa produzida pelo sujeito e NENHUMA delas era da Image. Resolvi remediar isso e decidi ler Youngblood, uma das revistas mais vendidas quando de seu lançamento. A ideia aqui é fazer algo do tipo que faço na série Mangá dos Cavaleiros: Pior Do Que Você Lembrava só que com quadrinhos americanos (ou de outros países que não o Japão) e sem se apegar a um autor ou obra em especifico. Começarei com Lifeld porque sua obra e sua cara de bunda me inspiraram.

Parece um Muppet com paralisia cerebral!É meu guerreirinho!

Antes de começar, preciso dizer duas coisas. A primeira é que não encontrei um único scan ou site online que tivesse Youngblood em português! Fiquei num misto de decepção e orgulho. Decepção porque achei que não conseguiria achar as edições em português e teria que ler em inglês (que até consigo mas sou auto-didata e aprendi parte no Telecurso 2000, onde aprendi a dizer “And in the xoxota?”) ou em espanhol. Em espanhol em leio de boas, o problema é que eles usam uma fonte esquisita, meio “amassada” e que é PÉSSIMA pra ler, sobretudo na hora de diferenciar as letras “u” e “c”.

Letras da edição original americana
Letras da versão em espanhol

Orgulho por saber que nenhum produtor de scan brasileiro perdeu o respeito próprio pra traduzir ou scanear coisa do Liefeld.

Mas graças ao nosso querido Oliver Queen, mestre supremo do submundo quadrinistico da internet, que conseguiu o scan das 5 primeiras edições em português, estou aqui pra dar esse testemunho de dor e desespero.

A segunda coisa que devo dizer é que li as 3 primeiras edições de Youngblood no domingo. Segunda-Feira tive o pior ataque de enxaqueca que já experimentei na vida, tendo que ir até a UPA e ficar tomando soro com dipirona e plasil por 3 horas. Coincidência?

Bem, sem mais delongas, vamos ao que interessa. A edição apresentada aqui corresponde a edição Nº00 americana. Essa edição foi publicada na edição Nº01 da editora Abril, mas acompanhar a cronologia pela Abril deve ser um tanto complicado pois dei uma olhada no Guia dos Quadrinhos e a revista Youngblood publicada por ela enfiava Bloodstrike e Brigade no bolo também. Uma confusão cronológica só.

A edição número 00 (que tive que ler em inglês por não ter achado a versão e português), que conta com plot, desenho e arte-final do “”””””mestre””””” Liefeld e com os diálogos de Hank Kanalz, começa mostrando dois homens reportando uma situação de perigo no oriente médio ao presidente dos EUA. Segundo eles, o “Iraquis” está se preparando pra cruzar a fronteira do “Kewaiti”. Sim, nem pra criar nomes fictícios! O JUMENTO do Liefeld só escreveu os nomes reais como se estivesse sendo pronunciados pelo Mussum!

Durante essa conversa, descobrimos que os sujeitos que estão passando o informe tem o poder do teleporte, pois em um painel eles estão falando a beira da mesa do presidente e no painel seguinte eles estão a 4 passos largos afastados da mesa.

O presidente pergunta se não podem mandar os Navy SEALs, mas os dois sujeitos dizem que eles seriam ineficientes a essa altura. A opção seria um dos times Youngblood (sim, o Youngblood é uma divisão com vários times e não apenas um, como eu acreditava até hoje). Quando o presidente questiona qual deles, um dos sujeitos, meio que relutante, responde que é o time comandando pelo coronel Stone. E aí o gibi se transforma num macaco metafórico jogando fezes em forma de clichê no leitor da forma mais expositiva possível. O sujeito me manda uma frase de comercial de filme da sessão da tarde dizendo “Eles são uma equipe relativamente nova com alguns conflitos de personalidade, mas acredito que a aproximação mais prática do cel. Stone seja efetiva a nossos propósitos, senhor”. Só faltou ele dizer “Essa equipe que não se dá nada bem vai ter que unir forças quando bater de frente com esses terríveis bandidos. Agora eles vão se meter nas mais incríveis confusões que até Deus duvida!”.

Sem opções, o presidente dá a ordem pra que a problemática equipe do cel.Stone ataque. E a pr´´oxima cena é uma splash page com todo mundo saltando de um helicóptero sem para-quedas enquanto nos é explicado que eles são uma super-equipe de agentes geneticamente modificados. O problema é que temos o Capela! E o Capela, como ´´e dito mais adiante, é só um sujeito normal com treinamento militar ultra-foda. Ou seja…O CAPELA DEVERIA TER MORRIDO COM OS JOELHOS SAINDO PELO CU DEPOIS DE PULAR DESSE HELICÓPTERO!

Se você olhar no canto esquerdo da página acima, vai ver o que parecem ser um monte de cabeças de capacete olhando o cel.Stone pousando no peito de um sujeito. Isso me fez pensar “Hmm, devem ser robôs! Por isso os Navy SEALs não seriam de uso nessa missão!”. O problema é que na página seguinte, além de NINGUÉM estar usando capacete, NÃO TEM ROBÔ NENHUM! NÃO TEM NENHUMA AMEAÇA QUE A OS NAVY SEALS NÃO PUDESSEM LIDAR! ELES PODIAM MANDAR ATÉ OS ESCOTEIROS QUE RESOLVERIAM A TRETA! E QUER SABER POR QUE! PORQUE TINHAM TÃO POUCOS SOLDADOS QUE ALGUNS DOS YOUNGBLOODS CLARAMENTE SÓ ESTÃO FINGINDO BATER EM INIMIGOS INVISÍVEIS PRA NÃO PARECEREM DESOCUPADOS!

Todas as pessoas apontadas com uma seta nessa cena claramente não estão batendo em ninguém! Aliás, o rapaz pequenininho lá no fundo, aparentemente não tem pernas, então podemos perdoa-lo por não estar junto da batalha!

A batalha acaba em uma página e cel. Stone diz pra darem no pé dali. Eis que Boggs, um dos vários clones do Cable que o Liefeld não cansa de enfiar em suas histórias, diz que não vai pois ali embaixo existem várias casamatas com armamentos e suplementes que o inimigo deixou e que só sai dali quando encontrar e destruir todas. O jovem Raines é o único a concordar com isso e segue Boggs em sua investida. E nós sabemos que ambos vão morrer! Por que? Porque eles vestem roupas praticamente iguais e as mais simples do grupo! Nada de colantes ultra coloridos, pinturas no rosto ou óculos escrotos! Só camisetas e calças cargo! Liefeld JAMAIS desperdiçaria um visual escrotamente exagerado em personagens que vão morrer! Dito e feito, ambos morrem em uma explosão graças a uma armadilha montada pelos inimigos! Quer dizer…eu creio que tenha sido isso, já que nunca é mostrada a causa da explosão! Mas como essa revista vai desaguar em outra chamada Bloodstrike onde o tema são soldados mortos trazidos a vida, não duvido que veremos Boggs e Raines novamente, agora sim, e trajes espalhafatosos.

Indignado com a morte de Boggs e Raines, Gamble, o personagem que parece que pegou um retrovisor de um corcel 78 e resolveu usar como o óculos mais horrendo da história, resolve tretar com cel. Stone e toma um murro…que MATA o sujeito! Segundo Capela, Gamble não tinha poderes, era só um humano comum e por isso um soco de um meta-humano o transformaria em paçoca, tal qual aconteceu.

O soco foi tão forte que não apenas matou Gamble como também fez brotar dezenas de novos dentes em sua boca.

Putaço com a filha da putice do puto do cel.Stone, Diehard, o “superman genético” do time que usa dois conduítes vermelhos como ombreiras e uma franquia de sucesso como nome, parte pra cima do Cable de mullets e tem inicio uma dos MENOS emocionantes combates da história das histórias em quadrinhos! Sério, reparem na total falta de dinamismo, na completa ausência de impacto na arte, da nada inspirada composição de página! Algo que só um “”””””mestre””””” como Rob Liefeld pode proporcionar!

Cel. Stone é preso e, aparentemente, algemado com duas balas de canhão do Super Mário e duas barras de calça boca de sino douradas, todas presas por correntes de navio. Ah, e aparentemente ele foi jogado no espaço! Isso foi o que eu entendi dessa splash page (não) magnificamente desenhada pelo “”””””mestre””””” Liefeld.

Durante o julgamento na corte marcial, as correntes de navio magicamente desaparecem das balas de canhão do Super Mario e das barras de calça boca de sino. Mas esse é o MENOR dos absurdos dessa página dupla. O primeiro absurdo é que apesar de ter matado um colega de equipe com as próprias mãos, a única punição que o cel. Strike (que claramente está possuído pelo demônio, podemos ver isso pelos seus olhos azuis e por ser incapaz de pronunciar uma frase sem ranger suas centenas de dentes) será de perder seu posto militar e se tornar um civil comum (difícil, com esses olhos vermelhos e esses MILHARES de dentes e essa caveirinha da Mistica parafusada a testa). Mas esse ainda não é o absurdo maior! O absurdo começa quando Lifeld começa a enfiar vários sub-plots que aproveitaria em outras revistas. Primeiro é revelado que Boggs e Raines eram clones, em seguida, sem tempo pra respirar, é revelado que o cel.Stone era parte de um programa onde ressuscitavam soldados mortos para trabalhar para o governo de novo. Hmmm…onde eu já vi esse plot antes…?

E esse magnifico cabelo com topo quadrado e curto mas com um portentoso e ondulado mullets que desce como uma cascata de pura beleza e sedosidade pelo pescoço e ombros do cel. Stone, onde eu já vi antes…?

Pode ter sido só impressão…

Bem, cortamos para 14 meses depois e vamos ao pentágono, onde descobrimos que uma seletiva foi feita pra escolher um novo líder para uma nova divisão Youngblood. Apesar de terem membros antigos perfeitamente aptos para assumir a liderança, por alguma razão o governo americano resolve escolher seus líderes de fora, e se não tiver experiência com equipes MELHOR AINDA! Sentinela, líder da equipe externa dos Youngbloods, responsável por missões fora do país, está prestes a apresentar Shaft, o novo líder, a sua equipe. Shaft diz que não se sente muito confortável com o colante e o Sentinela diz que ficar bem de colante era essencial pra escolha. Sabe como é, prioridades!

Ah, e temos a participação do Puma, o primeiro dos MUITOS Wolverines genéricos que o Lifeld vai usar em suas equipes de uma nota só.

Shaft faz uma cara de surpresa um tanto exagerada demais quando vê a equipe pela primeira vez, mesmo assim eu ainda poderia comprar essa reação. O que eu não consigo comprar é a mesma cara de espanto que o Sentinela faz quando apresenta a equipe que ELE JÁ CONHECE! Aí já são os cr´éditos das incapacidades artísticas do “””””mestre””””” Liefeld!

Percebam que Link, o membro com poderes psíquicos e telecinéticos da equipe que aparece no ultimo painel a esquerda nada mais é que o Shaft de roupa marrom e cabelo preto.

E a história termina com todos o membros tirando uma foto a ser publicada em revistas e jornais, afinal são uma equipe do governo que lucra com merchandising. E as empresas de brinquedos que vão produzir os arcos do Sahft agradecem por economizarem horrores em náilon, já que o arco não tem corda!

Bem, e aqui acaba essa primeira parte. No próximo, focarei nas edições 1 da equipe externa e interna dos Youngbloods e em toda a beleza plástica que só uma obra do “”””””mestre””””” Lifeld pode proporcionar.

Falando sério agora, eu fiquei meio surpreso que o Liefeld já meteu um monte de sub-plots pra outras equipes que ele viria a lançar em seguida. No docmuent´´ario da Image todos os outros 6 membros fundadores disseram que ficaram surpresos com essa atitude um tanto arriscada dele de já querer fazer um pequeno universo sem nem ao menos saber se a primeira revista da primeira equipe venderia bem. Quando vendeu, o sujeito ficou maluco e começou a criar personagens a rodo e a contratar gente pra caramba pra dar conta de tudo, inclusive gente que desenhava bem melhor que ele (o que não é difícil)! O problema é que quantidade não é o mesmo que qualidade e é engraçado ver essa galera que o Liefeld contratou falando hoje em dia que eles lançavam muita coisa bacana mas também lançavam muito lixo, e eles estavam conscientes que era ruim, mas viviam naquela máxima de “se está vendendo, continue fazendo”. Notem que em nenhum momento eles dizem que lançavam algo “bom”. Era uma galera até que consciente. Mas foi esse olho grande do Liefeld que fez tudo desandar. Deixo a dica pra que vejam o documentário, vale muito a pena! É difícil de achar internet afora mas cavucando bem você acha!

Bem, é isso, espero que tenham se divertido! Até a próxima, amiguinhos e amiguinhas!

PS: Ih, já ia esquecendo! Estou fazendo os cortes dos episódios antigos do Argcast pro YouTube e os cortes que estão saindo agora são justamente do episódio sobre a Image! Então vão lá dar uma olhada porque tem muita piadinha visual e deixem um like se puderem! E SE NÃO PUDEREM, DEIXA UM LIKE TAMBÉM, ORAS BOLAS! Clique na “Image” abaixo pra ir pra lá!