Livros Estranhos – Man after Man Uma Antropologia do Futuro
Se procurar o titulo em portugues, os resultados podem não ser o livro.
Eu curto muito historia alternativa, ou ficção especulativa e há uma diferença sutil entre elas. Pelo menos eu acho que sim.
Documentários como O Mundo sem Ninguém, ou Futuro Selvagem são feitos com 30% de ciencia estrapolativa e 70% de criatividade. Claro, há uma base inicial para tentar adivinhar como as cidades reagiriam a um planeta sem humanos ou como os animais podem evoluir daqui a milhares, ou milhões de anos. Mas ainda é mais chutes e criatividade do tipo que qualquer mestre de D&D que se preze é capaz de fazer.
Biologia não é tão previsivel quanto geologia (temos uma boa noçao de onde os continentes estarão daquia milhoes de anos) ou astronomia (se lançarmos um satelite hoje, sabemos onde estara o planeta que queremos daqui a vinte anos. mas poderiam ser milhares.)
É diferente da pura e simples ficção cientifica, que raramente tem a preocupação com a evolução de outra coisa além da sociedade e da tecnologia.
De toda forma, a literatura especulativa é um campo bastante rico e hoje falaremos sobre um livro de um cara que publicou bastante coisa nesse campo, o geologista escoces Dougal Dixon.
Man after Man trata do futuro evolutivo da humanidade. Em dado momento, aprimoramentos cibernéticos passam a ser comuns, assim como engenharia genetica criando especies para determinadas tarefas e ambientes especificos.
De acordo com a historia que é o pano de fundo do livro, a reversão dos polos magneticos da Terra (que já ocorreu antes mesmo e acontecerá novamente), assim como problemas ecologicos, acaba com a civilização, condenando os humanos aprimorados ciberneticamente e largando no mundo os geneticamente alterados, que nesse ponto, foram feitos para preencher nichos ecologicos tornados vagos pela extinção em massa que ocorreu no planeta.
Esses foram criados com mentes simples, para não dar problema, e em pouco tempo esquecem suas origens. Com o passar do tempo, com as pressões evolucionarias, mudam.
O livro descreve a aparencia e modo de viver dessas raças pós humanas em um periodo bastante longo de tempo, com algumas sendo extintas e outras mudando brutalmente.
Um detalhe interessante é que, meio adormecido nas mentes desses seres, foi colocado o potencial mental e até geneticamente implantadas lembranças da civilização, muito sutilmente. Mas isso acaba até causando nessas criaturas um receio do uso de ferramentas, como uma lembrança da tragédia tecnologica que devastou o planeta.
Os capitulos, separados em datas, as vezes com uma longa separação de tempo, mostrando uma pequena historia de uma criatura e sua vida nesse mundo primitivo e uma descrição geral da especie dessa criatura e as vezes de alguma outra.
As ilustrações de Philip Hood são muito bem feitas, mas não dá para dizer “bonitas”, já que retratam uns seres bem hororosos
Ao contrario de seus livros anteriores After Man, que retrata a Terra daqui a 50 milhões de anos depois que a humanidade foi pro beleléu, e The New Dinossaurs, onde a extinção do cretáceo não teria acontecido, próprio Dixon não gostou muito do resultado final. O aspecto cientifico do livro ficou um tanto mais em segundo plano aqui do que nos livros anteriores.
Outro aspecto que difere esse dos outros é o clima distopico, com extinções, naturais ou não, seguindo-se e mudando as condições de vida do planeta e seus estranhos habitantes.
O livro é uma curiosidade, que provavelmente vai interessar uma parcela bem pequena de pessoas, entre as quais eu me incluo, principalmente para ver os bichos-pessoas esquisitas e as razões de sua esquisiteza. Mas talvez para outras pessoas vale uma folheada, nem que seja nas fáceis versões digitais. E não lembro se tem em portugues.